Aquecimento pré-jogo: tempo ideal e principais aspectos a considerar.
Desta vez venho-vos escrever sobre um tema algo controverso
muito falado e com uma conotação pessoal muito forte, o aquecimento pré-jogo.
Vou abordar qual o seu tempo ideal, apectos importantes a considerar e os
principais erros cometidos.
Primeiro temos de perceber para que serve o aquecimento, o
aquecimento serve para por em alerta o nosso corpo ,pois estando em repouso o
nosso corpo está confortável o aquecimento irá preparar o nosso corpo para
demandas físicas maior.
Irá aumentar os batimentos cardíacos, transportando, fixando
e usando assim mais oxigénio, para o organismo, irá também, consequentemente,
aumentar o fluxo sanguíneo. Aumenta também a condução nervosa e as reacções
metabólicas.
Exercícios de força explosivos, que podem incluir saltos,
aumentam ligeiramente o nível de intensidade e preparam o corpo para movimentos
bruscos no jogo, esses exercícios devem ser feitos apenas quando os músculos
estiverem quentes, isso evitará lesões.
Não irei falar aqui de alongamentos, pois é um tema um pouco
controverso, pois existem diversos estudos que afirmam que a sua utilização de
nada serve.
Tudo isto irá preparar o nosso corpo para o esforço que virá,
minimizando assim lesões musculares. O aquecimento também é uma boa
oportunidade para os jogadores se prepararem mentalmente para o jogo e para a
equipa trabalhar em conjunto antes do início do jogo.
Tudo o que enumerei acima está estudado e comprovado. Vários
estudos foram feitos para perceber a importância do aquecimento e a forma como
este previne lesões.
O que realmente é pouco estudado é qual o tempo ideal de
aquecimento, qual aquecimento deve ser dado, se devemos ter em atenção o
ambiente envolvente (temperatura, humidade , chuva, estado do relvado, etc…).
Tal como já mencionei existem poucos artigos que falem sobre
este tema, mesmo assim li alguns artigos em que este tema foi estudado não só
especificamente no futebol, mas nos desportos em geral.
Nestes artigos que li existem algumas informações dispares e
até contraditórias, por isso tudo o que escreverei daqui em diante tem por base
a revisão de vários artigos mas terá a minha opinião pessoal.
Segundo um artigo publicado na revista Sports Medicine , “Effects of Warm‑Up, Post‑Warm‑Up, and Re‑Warm‑Up
Strategies on Explosive Efforts in Team Sports: A Systematic Review” , o tempo
de aquecimento deve ser de 10 a 15 min, pois promove os mesmos benefícios que
aquecimentos mais longos e reduz o índice de fadiga, mas afirma também que
alguns atletas mostraram-se mais preparados psicologicamente em aquecimentos
mais longos. Este estudo afirma também que a preparação ó ptima tem de promover
o uso de 40 a 60% do Vo2* máx do atleta. O aquecimento deve conter sprints de
90% da FC máx , no final do aquecimento , pois assim a performance em campo no
que toca a sprint, salto e todo o trabalho explosivo irá aumentar de 2 a 3%
durante o jogo.
Jeffreys desenvolveu o “RAMP”, uma espécie de recomendações
gerais para um bom aquecimento, sendo dividivo em 3 fases , raise (aumento), o
objectivo é o aumento da temperatura corporal, da FC, da pressão sanguínea,
através de actividades de baixa intensidade; activate (ativação) and mobilize
(mobilidade), que envolve movimentos padrão específicos do desporto , em
conjunto com os músculos chave que são precisos para esses movimentos padrão;
potentiation (potenciação) , na qual o objectivo é aumentar a intensidade para
potenciar os movimentos de explosão.
Outro estudo que li foi “Influence
of warm-up duration on perceived exertion and subsequent physical performance
of soccer players”, este estudo
afirma que o tempo ideal de aquecimento são 8 min a 10 min de forma a não
promover fadiga nos jogadores e consequentemente não prejudicar a sua
performance no que toca a sprints. Neste estudo usaram a escala subjectiva de
esforço e os jogadores apresentava uma escala maior quando sujeitos a 25 min e
15 min de aquecimento. Neste estudo relacionaram o tempo de aquecimento com a
redução da performance no que toca a sprints e os jogadores que efectuaram 25
min de aquecimento tiveram uma pobre performance no que toca a sprints.
Os jogadores que efectuaram 8 min apresentavam uma escala de
fadiga menor. Logo se o objectivo do aquecimento é preparar para o jogo de modo
a evitar lesões e que a performance seja a melhor de todas, durações menores
serão as mais acertadas.
Posto esta análise chegou a altura de dar a minha opinião
sobre tudo isto.
Tempo ideal
No que toca ao tempo ideal, fisiologicamente está mais que
comprovado que o tempo ideal de aquecimento é de 10 min, podendo chegar aos 15
mas a partir dos 10 min já se nota um incremento no que toca à fadiga e há
também um decréscimo das atividades explosivas como sprint, salto,etc…
Mesmo sendo este o tempo ideal no que toca a níveis
fisiológicos, a níveis psicológicos a conversa é diferente, sendo que para os
atletas apresentarem uma concentração optima para o jogo o aquecimento deveria
ser de 25 min. E agora perguntam vocês , então em que ficamos ?
É aqui que entra a opinião de cada um, no que toca à minha
opinião para mim é mais importante o meu atleta estar preparado
fisiologicamente, eu sei que estarmos preparados psicologicamente tem muita
influencia no que será o jogo. Mas na minha opinião podemos contornar o facto
de a concentração só aparecer aos 25 min, como ? Com a palestra antes do jogo,
criando objectivos já para o aquecimento, etc…
Aspectos
importantes
Um aspecto importantíssimo no aquecimento é fazermos o devido
aquecimento da musculatura que será usada no jogo, principalmente quadríceps,
isquiotibiais, adutores, abdutores, glúteos, gastrocnémios, ou seja toda a
massa muscular da perna e do quadril. Com isto não estou a dizer que o resto
não é importante, nada disso, mas as que vão estar sujeitas a mais estímulos
irão ser estas.
O que todos os treinadores fazem normalmente é passe-recepção,
mobilidade articular, posse de bola e remate certo?
Concordo com a abordagem do Jeffreys o “RAMP”, pois o que eu
fazia primeiramente cera 2 filas começando com corrida ligeira de cerca de
1.50m passando para mobilidade articular, adutores, abdutores, mudanças de
direcção, agachamento e salto, etc… Ou seja neste exercício raise activava toda
a musculatura envolvente-. E começava a preparar o corpo para o jogo ,
aumentava a FC, o fluxo sanguíneo, etc... (3’)
De seguida eu fazia passe e recepção e depois um pequeno jogo
de posse de bola onde começava a
preparar os atletas mais especificamente para o contacto com a bola e para
movimentos que iriam acontecer no jogo, activate and mobilize.(6 a 7’)
Por ultimo fazia remate á baliza e por ultimo realizava uma
roda com os atletas em que eu dizia para que lado teriam de rodar, promovendo
mudanças de direcção e sprints,potentiation.(3’)
Principais
erros
Os principais erros que eu já vi vários treinadores cometerem
é iniciarem o aquecimentos com Sprints, sim já vi isto ser feito e mais que uma
vez !
Devemos perceber que o sprint é uma actividade de explosão,
se vamos fazer um esforço máximo como é o sprint, devemos preparar a musculatura
para esse esforço. irá haver um rápido encurtamento e alongamento do músculo,
pois é um esforço máximo de curta duração onde a principal fonte de energia é a
fosfo-creatina presente no musculo. Isto significa que o processo é tão rápido
que não usamos o oxigénio para ajudar a produzir energia, ou seja é um esforço
anaeróbio. O que implica que após o sprint se forma lactato que desaparece após
recuperação activa (isto durante o jogo). Se os músculos não estiuveram
devidame nte preparados para este estimulo irá haver lesões, desde rupturas,
estiramentos, e haverá também uma maior acumulação de fadiga no corpo, pois o
corpo passa dum estado de inércia para um estado de esforço máximo.
Posto isto o aquecimento ideal é aquele que promove uma boa
preparação fisiológica para o que irá ser o jogo, sem causar níveis altos de
fadiga, sendo ideal não causar qualquer fadiga. É importante não esquecer que o
bom aquecimento pode evitar várias lesões musculares, desde rupturas, estiramementos,etc…
Portanto não podemos tratar o aquecimento pré-jogo como algo secundário, pois é
algo essencial para o que vai ser o jogo e para a própria saúde do atleta.
Maria Gonçalves
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