A evolução do futebol nos últimos anos


O futebol é uma indústria que se foi alterando e moldado consoante a evolução dos tempos. Uma das maiores mudanças que ocorreram foi a transformação das equipas de futebol em empresas em que a vertente financeira ganha cada vez mais destaque. Com estas mudanças, assim como em muitos outros desportos, afastou muitos adeptos. Ou porque já não há amor à camisola, ou simplesmente pelo facto de o futebol ter sido “desvirtuado” pelo capitalismo dos dias modernos.
                Hoje vemos muitos clubes a serem “retirados” dos seus sócios e serem “entregues” nas mãos de bilionários que não olham a meios para atingir os fins a que se propõem, como num negócio ninguém entra para perder dinheiro quem consegue de alguma forma rentabilizar esses investimentos, são por norma as equipas que ganham e para ganharem tendem a investir valores bastantes altos na prócura de no futuro rentabilizarem esse mesmo investimento, quer em patrocínios, quer em merchandising. Olhemos nos últimos anos o que tem sido a escalada abrupta dos valores envolvidos em transferências. Para combater essa escalada de preços a UEFA viu-se obrigada a criar o “fair-play financeiro” que inicialmente visava apenas controlar as dividas dos clubes, mas mais tarde em 2013 obrigava os clubes a “gestão equilibrada” que não permite aos clubes gastar mais do que recebe. Ainda assim a lei pode ser “facilmente contornada” devido a várias linhas soltas. Dai ser fácil ver clubes investirem muitos milhões todos os anos.
                Mas voltando ao futebol, propriamente dito, o futebol moderno através da “nova vaga” de treinadores que trouxeram novos conceitos, novas nuances dando mais tempo ao chamado “trabalho de laboratório” muitas vezes invisível aos olhos do comum adepto/espectador, dando esses mais valores aquelas jogadas vistosas e aquela finta de jogador A ou B. Eu lembro-me que quando comecei a jogar existir a ideia de que um defesa central muitas vezes era aquele jogador que embora “tosco” era corpulento e tinha como missão “- se passa o jogador, não passa a bola” ou vice-versa ou o tradicional “-apertado joga fora”, o mais gordinho ia à baliza, os maratonistas iam para as alas e o “pinheiro” ficava na área. Hoje em dia estes conceitos já não existem, tendo todos os jogadores de saber ler o jogo de forma efetiva em todos os momentos do jogo. Para isso contribuiu o facto de termos hoje treinadores melhores preparados para a função o que tem por consequência, termos melhores jogadores. Existem clubes com estruturas mais profissionais com cobertura em todos os quadrantes envolvidos no futebol, tais como departamentos médico qualificado, treinadores adjuntos e preparadores físicos, departamentos de scouting e também e não menos importante departamento de formação composto. por treinadores capacitados e estrutura diretiva capaz de acompanhar a evolução dos jovens atletas.
                Com uma cobertura em todas as áreas é fácil a um treinador fazer o seu trabalho de forma competente, existem hoje no departamento de scouting profissionais que levam até aos treinadores informações precisas e muitos úteis, analisando todos os pontos fortes e fracos dos adversários, quer também na análise da própria equipa e de futuros reforços.
                No futebol atual como foi descrito no artigo anterior sobre o papel do preparador físico a preparação física está intrinsecamente ligada ao futebol moderno complementando toda a parte técnica e táctica. Não vale muito a um jogador ser um “fora de série” se estiver sempre lesionado ou não conseguir ser consistente durante os 90 minutos, independentemente da posição a que jogue.
                Aliado a profissionalização das equipas e dos seus ativos, treinadores e jogadores, também hoje os árbitros se profissionalizaram, estando melhores preparados quer a nível físico quer a nível de concentração e redução do erro e tornar a figura do árbitro mais credível. A mais recente novidade em alguns campeonatos, não todos, foi a introdução do vídeo-árbitro, figura que pessoalmente pouco me diz, que veio procurar reduzir, ainda mais, o erro das equipas de arbitragem. Apesar da profissionalização e da introdução do vídeo-árbitro o erro, ainda que provavelmente em menor quantidade, irá sempre existir no futebol, porque são decisões tomadas por pessoas e como qualquer outra pessoa no seu trabalho está suscetível de cometer falhas.
                Apesar do futebol estar em constante “mutação” com diversas alterações quer a nível técnico-tático quer a nível de leis de jogo, há uma coisa que por muito que se vá mudando ficará transversal para sempre o principal objectivo de um jogo de futebol…
               
Sem golos não há celebração, sem celebração não há festa e sem festa não há FUTEBOL

Tiago Gonçalves

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